retalhos de vida, escritos, pensamentos, fotos, desenhos e pinturas
sexta-feira, 21 de maio de 2010
AMAR
Quem ama,
Alimenta, acarinha e embala;
Quem ama,
Tem regras, educa,
Quem ama,
Aconselha, dá liberdade;
Quem ama,
Aceita, tolera, perdoa;
Quem ama,
Ajuda e respeita
Quem ama,
Deseja,
Procura,
Revela,
Partilha
TERRA DE ENCANTOS MIL
Nordeste, terra pequena, cheia de encantos.
No inverno o mar agiganta-se, zangado tentando galgar aquela encosta íngreme..
Ao percorrer os recantos da Vila vejo a minha mãe e as suas irmãs a caminho da igreja na companhia da sua avó, minha bisavó. Oiço-as na Igreja a sussurrar umas com as outras e, pelo respeito por Deus e pela Sua casa, ouço a minha bisavó a ralhar-lhes, que traquinas sorriem e cochicham...
Olho o “campo da bola” e lá estão os meus tios, jovens, cheios de garra num animado jogo de futebol, transpirados e lamacentos, discutem cada jogada, prometendo comprar um par de óculos ao àrbitro, não chamam nomes à mãe do árbitro...a “tia Jaquina” é uma mulher de respeito. No final da partida, uns amuados, outros amachucados, depois do banho, lá vão todos para a ”Venda do José Cristiano” e lá vai uma pinga para comemorar a vitória ou para afogar a mágoa da derrota.
Nordeste, terra fria mas de gente boa, trabalhadora.
Os turistas perdem-se nos mais que muitos miradouros, a cada curva da estrada ,e deslumbram-se com tanta paz, com tanta beleza. Flores, mar, quedas d'água, moinhos, pedra vermelha... tanta grandeza numa terra tão pequena.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
BALANÇO
É acreditando
Que nos perdemos.
É no brilho do olhar
Que nos revemos.
É nos abraços
que nos prendemos.
Na docura das palavras
Adormecemos.
No dia segunte...
Ofegantes, exautas,
Aturdidas
O mesmo mar
A mesma terra
A mesma pele
O mesmo cheiro
O que mudou?
Outros sonhos?
Quando mais se precisa
Menos se tem.
O caminho
É a descer
Ingreme
Pedras, espinhos
Descendo
Tropeçando,
Caindo,
Levantando.
Descendo...
O que ficou ...
Sobrou ? Faltou?
Descendo
Desabando
As mãos que antes abraçavam,
Acarinhavam...
Onde estão?
Descendo a calçada
As feridas sangram
As lágrimas,
Rolam aos pares
Na calçada
Dura e fria,
Passo a passo
Dia a dia
Que nos perdemos.
É no brilho do olhar
Que nos revemos.
É nos abraços
que nos prendemos.
Na docura das palavras
Adormecemos.
No dia segunte...
Ofegantes, exautas,
Aturdidas
O mesmo mar
A mesma terra
A mesma pele
O mesmo cheiro
O que mudou?
Outros sonhos?
Quando mais se precisa
Menos se tem.
O caminho
É a descer
Ingreme
Pedras, espinhos
Descendo
Tropeçando,
Caindo,
Levantando.
Descendo...
O que ficou ...
Sobrou ? Faltou?
Descendo
Desabando
As mãos que antes abraçavam,
Acarinhavam...
Onde estão?
Descendo a calçada
As feridas sangram
As lágrimas,
Rolam aos pares
Na calçada
Dura e fria,
Passo a passo
Dia a dia
quinta-feira, 13 de maio de 2010
dia a dia
Dois meses depois da morte da minha querida mãe estou a viver a dor da perda que deveria ter vivido nos dias que a sepultei.
Este Blog surgiu numa tarde de grande tristeza e solidão, de uma necessidade gritante de me libertar de exorcizar a minha dor, a minha tristeza, a minha solidão.
Desde Julho passado que tenho tido vários contratempos: ´
-Trombose Venosa Profunda do Membro Inferior Esquerdo;
- Início de tratamento com anticoagulante "Varfine" para o resto da vida e necessidade de controlo do INR (factor de coagulação) com os riscos inerentes a este tipo de tratamento;
Este Blog surgiu numa tarde de grande tristeza e solidão, de uma necessidade gritante de me libertar de exorcizar a minha dor, a minha tristeza, a minha solidão.
Desde Julho passado que tenho tido vários contratempos: ´
-Trombose Venosa Profunda do Membro Inferior Esquerdo;
- Início de tratamento com anticoagulante "Varfine" para o resto da vida e necessidade de controlo do INR (factor de coagulação) com os riscos inerentes a este tipo de tratamento;
- Dispensada da secção onde trabalhei 13 anos. Novo trabalho ... novo chefe...
- Recusa do seguro vida necessário para o Crédito Bancário, por parte da seguradora do Grupo Financeiro ao qual dediquei 28 anos da minha vida, devido à TVP e Medicação associada (prenúncio de uma morte anunciada???);
- 26 de Janeiro às 08H30 encontrei a minha mãe caída no chão do seu quarto, vitima de AVC. Seguiu-se um mês e meio de calvário. Muito sofrimento para ela e para todos os que a amamos. Vê-la fraca, paralisada do lado esquerdo, lúcida... uma semana depois iniciar um processo de falta de circulação da perna direita que levou à amputação da mesma, depois de dores constantes, muito desconforto (apesar das doses de morfina). Secretamente, de coração despedaçado, desejava que ela morresse... não aguentava vê-la sofrer. Sabendo que a sua sobrevivência seria um martírio para ela., que sempre foi independente, que sempre cuidou de si e de todos à sua volta, que mais não fez porque não pode, porque os seus dias não tinham mais horas e porque não tinha recursos monetários. Vê-la... pequenina, tão magrinha, tão fraca ... presa numa cama, com dificuldade em falar, não por falta de lucidez, mas por falta de força para se expressar. Esforçava-se tanto e a sua voz não se ouvia. Aflita por estar a dar "tanto trabalho" e preocupação a todos. Tanta dificuldade em engolir, tanto medo de se engasgar. Prisioneira no seu corpo;
- 02 de Março - dei-lhe o jantar, ela adormeceu e... não voltamos a ouvir a sua voz.
- Recusa do seguro vida necessário para o Crédito Bancário, por parte da seguradora do Grupo Financeiro ao qual dediquei 28 anos da minha vida, devido à TVP e Medicação associada (prenúncio de uma morte anunciada???);
- 26 de Janeiro às 08H30 encontrei a minha mãe caída no chão do seu quarto, vitima de AVC. Seguiu-se um mês e meio de calvário. Muito sofrimento para ela e para todos os que a amamos. Vê-la fraca, paralisada do lado esquerdo, lúcida... uma semana depois iniciar um processo de falta de circulação da perna direita que levou à amputação da mesma, depois de dores constantes, muito desconforto (apesar das doses de morfina). Secretamente, de coração despedaçado, desejava que ela morresse... não aguentava vê-la sofrer. Sabendo que a sua sobrevivência seria um martírio para ela., que sempre foi independente, que sempre cuidou de si e de todos à sua volta, que mais não fez porque não pode, porque os seus dias não tinham mais horas e porque não tinha recursos monetários. Vê-la... pequenina, tão magrinha, tão fraca ... presa numa cama, com dificuldade em falar, não por falta de lucidez, mas por falta de força para se expressar. Esforçava-se tanto e a sua voz não se ouvia. Aflita por estar a dar "tanto trabalho" e preocupação a todos. Tanta dificuldade em engolir, tanto medo de se engasgar. Prisioneira no seu corpo;
- 02 de Março - dei-lhe o jantar, ela adormeceu e... não voltamos a ouvir a sua voz.
- 03 de Março - Novo internamento. Infecção urinária (generalizada) quadro clínico muito reservado. Ali ficou respirando com muita dificuldade, alimentada por uma sonda, algariada... e lúcida (estou convencida que, pelo seu olhar, estava consciente do seu estado e que ouvia tudo o que dizíamos);
- 09 de Março na minha presença e do meu irmão Pedro, abriu os olhos, olhou-nos tão profundamente e foi respirando cada vez mais espaçadamente... Tive a noção perfeita que ela estava a partir, que se estava a despedir. Beijei-a com muita ternura e disse-lhe que fosse, que partisse, que nós filhos estavamos bem. Voltei a beijá-la, rezei uma Avé-Maria... e foi o seu último suspiro. Senti uma paz sem explicação, uma tranquilidade nunca antes vivida não sei se foi por egoísmo, por não aguentar mais vê-la sofrer...
- 09 de Março na minha presença e do meu irmão Pedro, abriu os olhos, olhou-nos tão profundamente e foi respirando cada vez mais espaçadamente... Tive a noção perfeita que ela estava a partir, que se estava a despedir. Beijei-a com muita ternura e disse-lhe que fosse, que partisse, que nós filhos estavamos bem. Voltei a beijá-la, rezei uma Avé-Maria... e foi o seu último suspiro. Senti uma paz sem explicação, uma tranquilidade nunca antes vivida não sei se foi por egoísmo, por não aguentar mais vê-la sofrer...
Tanta coisa que ficou por dizer...
Tanto abraço que não dei...
Fica a dor dos desgostos que lhe dei, das noites que ela não dormiu por minha causa....
Espero vir a perdoar-me a mim mesma por tudo o que lhe fiz e pelo que não fiz;
- 10 de Março - Funeral - tantas amigos, tantas amigas, tantas manifestações de carinho e de amor de pessoas que nós nem imaginávamos que a minha mãe tinha tocado os seus corações. Valeu o amparo da família e dos amigos (poucos e bons);
- 11 de Março - Não há tempo para luto.
- 10 de Março - Funeral - tantas amigos, tantas amigas, tantas manifestações de carinho e de amor de pessoas que nós nem imaginávamos que a minha mãe tinha tocado os seus corações. Valeu o amparo da família e dos amigos (poucos e bons);
- 11 de Março - Não há tempo para luto.
Há que tratar das coisas que ficaram suspensas durante um mês e meio. No dia seguinte comprei um apartamento onde moro e onde penso que será a minha última morada;
- 12 de Março / 31 de Março - Mudança de casa... não tenho nada e tenho tanta coisa.
- 12 de Março / 31 de Março - Mudança de casa... não tenho nada e tenho tanta coisa.
As forças são poucas e há muito que acartar... sacos e sacos, caixotes, tretas e tralhas... a perna esquerda queixa-se do esforço, não posso trocá-la e abuso dela até à exaustão.
O filhote está longe e não consigo pedir ajuda a ninguém (herdei esta da Josefina);
- 1 a 11 de Abril - eram para ser férias, mas devido à mudança no trabalho lá tive formação em Lisboa. O corpo não aparenta mas a cabeça e a alma começam a ceder...
- 1 a 11 de Abril - eram para ser férias, mas devido à mudança no trabalho lá tive formação em Lisboa. O corpo não aparenta mas a cabeça e a alma começam a ceder...
- Nova transferência no emprego. Novo chefe... nova forma e método de trabalho...
- No apartamento as infiltrações, que não ficaram bem resolvidas, mostram-se mais graves do que o vendedor tinha referido e não ficaram resolvidas com intervenção efectuada por parte da empresa construtora. Nova intervenção estava agendada para a Primavera (que este ano ainda não chegou - maldita chuva) mas ... a empresa declarou insolvência. Onde andarão tantos milhões?? Aposto que daqui a dias recebem subsídio do governo para abrir nova empresa e hão-de continuar a pavonear-se pela cidade (os sinais exteriores de riqueza que sempre ostentaram, certamente já passaram para o nome de alguém intocável ... não acredito que passem nem fome nem dificuldades... tanta impunidade);
- Só para me chatear, acredito que é só para me chatear têm aparecido umas amigas muito indesejáveis aqui em casa. Até hoje já foram 7 e não, não as matei todas de uma vez.
- No apartamento as infiltrações, que não ficaram bem resolvidas, mostram-se mais graves do que o vendedor tinha referido e não ficaram resolvidas com intervenção efectuada por parte da empresa construtora. Nova intervenção estava agendada para a Primavera (que este ano ainda não chegou - maldita chuva) mas ... a empresa declarou insolvência. Onde andarão tantos milhões?? Aposto que daqui a dias recebem subsídio do governo para abrir nova empresa e hão-de continuar a pavonear-se pela cidade (os sinais exteriores de riqueza que sempre ostentaram, certamente já passaram para o nome de alguém intocável ... não acredito que passem nem fome nem dificuldades... tanta impunidade);
- Só para me chatear, acredito que é só para me chatear têm aparecido umas amigas muito indesejáveis aqui em casa. Até hoje já foram 7 e não, não as matei todas de uma vez.
Todas as manhãs, de arma na mão (biokill) percorro a casa temendo um encontro com uma destas amigas que dizem que têm sapatos de veludo... não é não! O seu pé é que é peludo! Um horror!
Sei que tenho coisas boas na minha vida...
Porque não aceito isso e vivo pensando naquilo que não tenho.
No que acho que merecia e não tenho.
É porque na verdade não mereço...
Vivo dividida.
Gosto de estar sózinha mas esta solidão está a dar cabo de mim.
Questiono cada vertente da minha vida.
Será que vale a pena?
Insistir para quê?
O Sol nasce e põe-se e eu, deito-me sózinha e assim acordo.
Sou eu e eu, dia após dia, para o bem e para o mal.
Sinto falta das visitas que fazia à minha mãe, de a ouvir, de olhar aqueles seus olhinhos azuis.
Perdê-la foi e está a ser muito difícil.
Viver esta perda sózinha, sem um ombro amigo, sem um abraço...
No entanto... sinto uma necessidade enorme de estar sózinha, de me isolar, de me fechar dentro de mim, em silêncio.
A vida continua até....
Sei que tenho coisas boas na minha vida...
Porque não aceito isso e vivo pensando naquilo que não tenho.
No que acho que merecia e não tenho.
É porque na verdade não mereço...
Vivo dividida.
Gosto de estar sózinha mas esta solidão está a dar cabo de mim.
Questiono cada vertente da minha vida.
Será que vale a pena?
Insistir para quê?
O Sol nasce e põe-se e eu, deito-me sózinha e assim acordo.
Sou eu e eu, dia após dia, para o bem e para o mal.
Sinto falta das visitas que fazia à minha mãe, de a ouvir, de olhar aqueles seus olhinhos azuis.
Perdê-la foi e está a ser muito difícil.
Viver esta perda sózinha, sem um ombro amigo, sem um abraço...
No entanto... sinto uma necessidade enorme de estar sózinha, de me isolar, de me fechar dentro de mim, em silêncio.
A vida continua até....
segunda-feira, 10 de maio de 2010
JOSEFINA
Mãe
Mulher coragem
Lutadora
Resistente
Partiste
Deixaste por herança
O maior tesouro
A maior fortuna
O teu exemplo
A tua força
O teu amor
O teu olhar
Tocaste muitos corações
Ainda que a vida
Te fosse ingrata
Inventora
Empreendedora
Mãos de fada
As tuas mãos
Faziam magia
Não,
Não eram truques
Eram milagres
Levaste um pedaço de mim
Mas sei que um dia
Tudo me será devolvido
Em dobro
Numa brisa
Num raio de sol
Numa gota de chuva
Mãe
Onde quer que estejas
Estamos contigo
As tuas crias
Por quem lutaste
Por quem deixaste
de teus sonhos
Para sonhar por nós
Mãe tolerante
Respeitaste
As nossas escolhas
Por vezes contrariada
Avisavas dos perigos
E na caminhada
Por vezes com lágrimas
Saravas as nossas feridas
O melhor que podias
e sabias
Mãe solitária
Mãe coragem
Mãe amada
MÃE
SAUDADE
Lancinha
PRESENTE
Viver um dia de cada vez, focada no presente, sem olhar para trás nem para o que há- de vir.
Na verdade só temos o dia de HOJE.
O que passou, passou e o amanhã não existe
Na verdade só temos o dia de HOJE.
O que passou, passou e o amanhã não existe
silêncio
O silêncio
A ausência
Falam
Revelam
A verdade
A essência
Sem palavras
Em cada gesto
Nú e crú
Dispensam-se as palavras
Que amordaçam
Deturpam
Disfarçam
Mascaram
No silêncio
Não há teatro
Não há mentira
O silêncio fala por si
No silêncio
Nada se esconde
Tudo se revela
Nem passado
Nem futuro
O silêncio
O amor
A dor
A ausência
Falam
Revelam
A verdade
A essência
Sem palavras
Em cada gesto
Nú e crú
Dispensam-se as palavras
Que amordaçam
Deturpam
Disfarçam
Mascaram
No silêncio
Não há teatro
Não há mentira
O silêncio fala por si
No silêncio
Nada se esconde
Tudo se revela
Nem passado
Nem futuro
O silêncio
O amor
A dor
noite
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