Dois meses depois da morte da minha querida mãe estou a viver a dor da perda que deveria ter vivido nos dias que a sepultei.
Este Blog surgiu numa tarde de grande tristeza e solidão, de uma necessidade gritante de me libertar de exorcizar a minha dor, a minha tristeza, a minha solidão.
Desde Julho passado que tenho tido vários contratempos: ´
-Trombose Venosa Profunda do Membro Inferior Esquerdo;
- Início de tratamento com anticoagulante "Varfine" para o resto da vida e necessidade de controlo do INR (factor de coagulação) com os riscos inerentes a este tipo de tratamento;
Este Blog surgiu numa tarde de grande tristeza e solidão, de uma necessidade gritante de me libertar de exorcizar a minha dor, a minha tristeza, a minha solidão.
Desde Julho passado que tenho tido vários contratempos: ´
-Trombose Venosa Profunda do Membro Inferior Esquerdo;
- Início de tratamento com anticoagulante "Varfine" para o resto da vida e necessidade de controlo do INR (factor de coagulação) com os riscos inerentes a este tipo de tratamento;
- Dispensada da secção onde trabalhei 13 anos. Novo trabalho ... novo chefe...
- Recusa do seguro vida necessário para o Crédito Bancário, por parte da seguradora do Grupo Financeiro ao qual dediquei 28 anos da minha vida, devido à TVP e Medicação associada (prenúncio de uma morte anunciada???);
- 26 de Janeiro às 08H30 encontrei a minha mãe caída no chão do seu quarto, vitima de AVC. Seguiu-se um mês e meio de calvário. Muito sofrimento para ela e para todos os que a amamos. Vê-la fraca, paralisada do lado esquerdo, lúcida... uma semana depois iniciar um processo de falta de circulação da perna direita que levou à amputação da mesma, depois de dores constantes, muito desconforto (apesar das doses de morfina). Secretamente, de coração despedaçado, desejava que ela morresse... não aguentava vê-la sofrer. Sabendo que a sua sobrevivência seria um martírio para ela., que sempre foi independente, que sempre cuidou de si e de todos à sua volta, que mais não fez porque não pode, porque os seus dias não tinham mais horas e porque não tinha recursos monetários. Vê-la... pequenina, tão magrinha, tão fraca ... presa numa cama, com dificuldade em falar, não por falta de lucidez, mas por falta de força para se expressar. Esforçava-se tanto e a sua voz não se ouvia. Aflita por estar a dar "tanto trabalho" e preocupação a todos. Tanta dificuldade em engolir, tanto medo de se engasgar. Prisioneira no seu corpo;
- 02 de Março - dei-lhe o jantar, ela adormeceu e... não voltamos a ouvir a sua voz.
- Recusa do seguro vida necessário para o Crédito Bancário, por parte da seguradora do Grupo Financeiro ao qual dediquei 28 anos da minha vida, devido à TVP e Medicação associada (prenúncio de uma morte anunciada???);
- 26 de Janeiro às 08H30 encontrei a minha mãe caída no chão do seu quarto, vitima de AVC. Seguiu-se um mês e meio de calvário. Muito sofrimento para ela e para todos os que a amamos. Vê-la fraca, paralisada do lado esquerdo, lúcida... uma semana depois iniciar um processo de falta de circulação da perna direita que levou à amputação da mesma, depois de dores constantes, muito desconforto (apesar das doses de morfina). Secretamente, de coração despedaçado, desejava que ela morresse... não aguentava vê-la sofrer. Sabendo que a sua sobrevivência seria um martírio para ela., que sempre foi independente, que sempre cuidou de si e de todos à sua volta, que mais não fez porque não pode, porque os seus dias não tinham mais horas e porque não tinha recursos monetários. Vê-la... pequenina, tão magrinha, tão fraca ... presa numa cama, com dificuldade em falar, não por falta de lucidez, mas por falta de força para se expressar. Esforçava-se tanto e a sua voz não se ouvia. Aflita por estar a dar "tanto trabalho" e preocupação a todos. Tanta dificuldade em engolir, tanto medo de se engasgar. Prisioneira no seu corpo;
- 02 de Março - dei-lhe o jantar, ela adormeceu e... não voltamos a ouvir a sua voz.
- 03 de Março - Novo internamento. Infecção urinária (generalizada) quadro clínico muito reservado. Ali ficou respirando com muita dificuldade, alimentada por uma sonda, algariada... e lúcida (estou convencida que, pelo seu olhar, estava consciente do seu estado e que ouvia tudo o que dizíamos);
- 09 de Março na minha presença e do meu irmão Pedro, abriu os olhos, olhou-nos tão profundamente e foi respirando cada vez mais espaçadamente... Tive a noção perfeita que ela estava a partir, que se estava a despedir. Beijei-a com muita ternura e disse-lhe que fosse, que partisse, que nós filhos estavamos bem. Voltei a beijá-la, rezei uma Avé-Maria... e foi o seu último suspiro. Senti uma paz sem explicação, uma tranquilidade nunca antes vivida não sei se foi por egoísmo, por não aguentar mais vê-la sofrer...
- 09 de Março na minha presença e do meu irmão Pedro, abriu os olhos, olhou-nos tão profundamente e foi respirando cada vez mais espaçadamente... Tive a noção perfeita que ela estava a partir, que se estava a despedir. Beijei-a com muita ternura e disse-lhe que fosse, que partisse, que nós filhos estavamos bem. Voltei a beijá-la, rezei uma Avé-Maria... e foi o seu último suspiro. Senti uma paz sem explicação, uma tranquilidade nunca antes vivida não sei se foi por egoísmo, por não aguentar mais vê-la sofrer...
Tanta coisa que ficou por dizer...
Tanto abraço que não dei...
Fica a dor dos desgostos que lhe dei, das noites que ela não dormiu por minha causa....
Espero vir a perdoar-me a mim mesma por tudo o que lhe fiz e pelo que não fiz;
- 10 de Março - Funeral - tantas amigos, tantas amigas, tantas manifestações de carinho e de amor de pessoas que nós nem imaginávamos que a minha mãe tinha tocado os seus corações. Valeu o amparo da família e dos amigos (poucos e bons);
- 11 de Março - Não há tempo para luto.
- 10 de Março - Funeral - tantas amigos, tantas amigas, tantas manifestações de carinho e de amor de pessoas que nós nem imaginávamos que a minha mãe tinha tocado os seus corações. Valeu o amparo da família e dos amigos (poucos e bons);
- 11 de Março - Não há tempo para luto.
Há que tratar das coisas que ficaram suspensas durante um mês e meio. No dia seguinte comprei um apartamento onde moro e onde penso que será a minha última morada;
- 12 de Março / 31 de Março - Mudança de casa... não tenho nada e tenho tanta coisa.
- 12 de Março / 31 de Março - Mudança de casa... não tenho nada e tenho tanta coisa.
As forças são poucas e há muito que acartar... sacos e sacos, caixotes, tretas e tralhas... a perna esquerda queixa-se do esforço, não posso trocá-la e abuso dela até à exaustão.
O filhote está longe e não consigo pedir ajuda a ninguém (herdei esta da Josefina);
- 1 a 11 de Abril - eram para ser férias, mas devido à mudança no trabalho lá tive formação em Lisboa. O corpo não aparenta mas a cabeça e a alma começam a ceder...
- 1 a 11 de Abril - eram para ser férias, mas devido à mudança no trabalho lá tive formação em Lisboa. O corpo não aparenta mas a cabeça e a alma começam a ceder...
- Nova transferência no emprego. Novo chefe... nova forma e método de trabalho...
- No apartamento as infiltrações, que não ficaram bem resolvidas, mostram-se mais graves do que o vendedor tinha referido e não ficaram resolvidas com intervenção efectuada por parte da empresa construtora. Nova intervenção estava agendada para a Primavera (que este ano ainda não chegou - maldita chuva) mas ... a empresa declarou insolvência. Onde andarão tantos milhões?? Aposto que daqui a dias recebem subsídio do governo para abrir nova empresa e hão-de continuar a pavonear-se pela cidade (os sinais exteriores de riqueza que sempre ostentaram, certamente já passaram para o nome de alguém intocável ... não acredito que passem nem fome nem dificuldades... tanta impunidade);
- Só para me chatear, acredito que é só para me chatear têm aparecido umas amigas muito indesejáveis aqui em casa. Até hoje já foram 7 e não, não as matei todas de uma vez.
- No apartamento as infiltrações, que não ficaram bem resolvidas, mostram-se mais graves do que o vendedor tinha referido e não ficaram resolvidas com intervenção efectuada por parte da empresa construtora. Nova intervenção estava agendada para a Primavera (que este ano ainda não chegou - maldita chuva) mas ... a empresa declarou insolvência. Onde andarão tantos milhões?? Aposto que daqui a dias recebem subsídio do governo para abrir nova empresa e hão-de continuar a pavonear-se pela cidade (os sinais exteriores de riqueza que sempre ostentaram, certamente já passaram para o nome de alguém intocável ... não acredito que passem nem fome nem dificuldades... tanta impunidade);
- Só para me chatear, acredito que é só para me chatear têm aparecido umas amigas muito indesejáveis aqui em casa. Até hoje já foram 7 e não, não as matei todas de uma vez.
Todas as manhãs, de arma na mão (biokill) percorro a casa temendo um encontro com uma destas amigas que dizem que têm sapatos de veludo... não é não! O seu pé é que é peludo! Um horror!
Sei que tenho coisas boas na minha vida...
Porque não aceito isso e vivo pensando naquilo que não tenho.
No que acho que merecia e não tenho.
É porque na verdade não mereço...
Vivo dividida.
Gosto de estar sózinha mas esta solidão está a dar cabo de mim.
Questiono cada vertente da minha vida.
Será que vale a pena?
Insistir para quê?
O Sol nasce e põe-se e eu, deito-me sózinha e assim acordo.
Sou eu e eu, dia após dia, para o bem e para o mal.
Sinto falta das visitas que fazia à minha mãe, de a ouvir, de olhar aqueles seus olhinhos azuis.
Perdê-la foi e está a ser muito difícil.
Viver esta perda sózinha, sem um ombro amigo, sem um abraço...
No entanto... sinto uma necessidade enorme de estar sózinha, de me isolar, de me fechar dentro de mim, em silêncio.
A vida continua até....
Sei que tenho coisas boas na minha vida...
Porque não aceito isso e vivo pensando naquilo que não tenho.
No que acho que merecia e não tenho.
É porque na verdade não mereço...
Vivo dividida.
Gosto de estar sózinha mas esta solidão está a dar cabo de mim.
Questiono cada vertente da minha vida.
Será que vale a pena?
Insistir para quê?
O Sol nasce e põe-se e eu, deito-me sózinha e assim acordo.
Sou eu e eu, dia após dia, para o bem e para o mal.
Sinto falta das visitas que fazia à minha mãe, de a ouvir, de olhar aqueles seus olhinhos azuis.
Perdê-la foi e está a ser muito difícil.
Viver esta perda sózinha, sem um ombro amigo, sem um abraço...
No entanto... sinto uma necessidade enorme de estar sózinha, de me isolar, de me fechar dentro de mim, em silêncio.
A vida continua até....
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