quinta-feira, 15 de setembro de 2011

POR DENTRO

"Objectos que trazem gente dentro" - escutei esta frase num programa da rádio dita por Júlio Machado Vaz e nunca mais me saiu da cabeça.


Não gosto de coleccionar objectos e não sou adepta de ter em casa coisas que não tenham utilidade (entenda-se) que eu não hes dê uso.
Gosto duma casa usada, vivida, disfrutada... sempre achei estranho e desadequado pessoas que têm quartos só para as visitas, uma cozinha para "inglês ver" e outra (de preferência) no fundo do quintal para cozinhar e sujar...
Sempre fiz questão de usar  e disfrutar de todos os cantos das casas onde vivi.
Gosto de uma casa calorosa, com vida. Gosto de ver revistas, brinquedos ... gosto de viver, de ver, de cheirar, de sentir a vida que há em cada casa.
Não gosto de casas todas arrumadinhas cheias de coisas caras ou de antiguidades, parecem museus... e os museus não são moradia para n inguém;
Não gosto de casas cheias de "tarecos", bonecos, tretas e traquitanas que acumulam pó e chateiam quem tem a árdua tarefa de ter que os limpar e recolocar no lugar - raios me partam se um dia tiver que limpar uma casa assim...

Gosto de livros, de fotografias... e ... no entanto... há objectos que "têm gente dentro", repletos de memórias, cheiro, aromas e sabores de outrora;
Têm a infância, a juventude, a amizade, partilhas, alegrias...
Têm um valor extraordinário (não traduzível em euros ou qualquer outra moeda) têm o valor dos meus afectos e das memórias que neles habitam e têm um lugar cativo na minha casa e no meu coração.

Sem comentários: