retalhos de vida, escritos, pensamentos, fotos, desenhos e pinturas
domingo, 4 de março de 2012
O tempo voltou para trás
Ontem,
o Sr. Afonso dos "Viveiros de Camélias" nas Furnas ofereceu-me uma viagem ao passado, à minha infância: valeu-me pela vida! Bem aja!
Andava eu nas minhas fotos (desta vez com o telemóvel pois deixara a máquina no carro) entre camélis e laranjeiras, enquanto os meus irmão escolhiam que camélias haviam de trazer, sendo a escolha bastante difícil pois cada ma é mais bonita que a outra.
O Sr Afonso diz-me "Então a senhora anda a fotografar as flores da laranjeira e não come uma laranja?! Vá, apanhe uma!"
Fiquei envergonhada e até recusei. Ele insistiu, até ao ponto em que já ficava deselegante da minha parte não aceitar.
Apanhei uma laranja, não escolhi, foi esticar o braço e... eis que tenho UMA laranja na mão, colhida por mim. Há quantos anos não comia uma laranja assim, apanhá-la e comê-la na hora!
Estava rija, cheiinha de sumo.
Tão rija que nem congui fazer o que fazia (eu e os meus irmãos quando eramos pequenos) apertá-la entre as mãos e pressioná-la com os dedos por forma a que o sumo se soltasse dos gomos.
Aqui, confesso, recorri aos dedos forte do Tó Manel para me ajudar a lhe dar uns apertos por mim.
Depois,
bem...
depois... Oh Deus! mordi-lhe o umbigo, com geito, para retirar um bico (uma chupeta, uma chucha, uma roda de casca em que vem preso o filamento do meio da laranja) e eis que tenho uma bebida à minha disposição : sumo de laranja NATURAL! Mais natural, não há!
Apertando-a sorvi o seu sumo. Que sabor!
O mesmo sabor da minha infância! O sabor do tempo em que não se comia fruta todos os dias, do tempo em que a fruta tinha a sua estação no ano, do tempo em que o Tio António nos oferecia laranjas do prédio dos Aflitos, do tempo da inocência...
Levou-me ao tempo em que apertava-mos as laranjas nas "dobras" das portas para tirarmos o maior sumo possível e ... uma vez por outra... com o entusiasmo, lá se dava um aperto mais forte, sem querer... e a pobre da laranja não aguentava, rebentava, Além de derramar sumo na porta e no chão já não dava para fazer o "bico". Comia-se .... mas não era a mesma coisa.
Depois de apertar e não conseguir beber mais sumo, parti-a em duas (introduzindo os dois polegares no buraco por onde sorvi o sumo)duas meias-laranjas para comer.
Esta laranja soube-me pela vida, pela inocência, pelo calor da minha família.
O seu cheiro ficou-me na pele.
Obrigada, sr. Afonso!
Aja saúde!
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