quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Não te recordo sem rugas

De negro vestida tão nova
 filhos para criar, alimentar, vestir...
 preocupação e esperança no olhar
eras um misto de tristeza, preocupação e amor
Neste dia, um rasgo de alegria pelo reencontro com o mano mais velho, vindo de Africa,

Não  te recordo assim, sem rugas
Era uma criança ainda não andava na escola, eras a minha mãe,
a mãe, o pai, a cuidadora, 
a que limpava, varria, cozinhava...
Pensava que não dormias, 
secavas as roupas com o ferro, 
(não havia fartura como hoje nem lojas com roupa e calçado barato)
Nunca faltou comida na mesa nem roupa lavada e passada.
Cantavas enquanto trabalhavas!
Lembro-me das "bonecas de anil" 
da roupa branca sacudida na pia
de roupa estendida todos os dias.

Não me lembro de não teres rugas.

Olhava para ti e 
só via os teus lindos olhos azuis
o teu sorriso maroto quando contavas uma história 
Os olhos brilhantes ora de alegria 
ora marejados de lágrimas 
que tentavas esconder.

Não te recordo sem rugas...
as rugas multiplicaram-se
e a tua beleza também.

Não te recordo sem rugas.

À minha doce mãe 11-09-1922 / 09-03-2010


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