domingo, 4 de maio de 2014

À MINHA MÃE (TIVESSE EU O TEU CORAÇÃO)


 

 

DOMINGO, 04-05-2014

Mãe, moras no meu coração.
Vou aonde me levam os teus passos, empresto-te os, meus olhos, os meus ouvidos,
às vezes até as minhas mãos.
Sinto os cheiros das ervas e flores singelas que tanto apreciavas.
Hortelã, o manjericão, coentros ... Ah, mãe os teus bifinhos de frango com coentros
(nós fazemos mas não é a mesma coisa) Ah, mãe os teus lombinhos de porco com mel e alecrim...
ah, mãe...
O que é de mim?!
Tivesse eu o teu coração, os teus olhinhos brilhante (nos meus brilham apenas as lágrimas da saudade que me encharca.
A saudade de ti que me preenche, desde o dia que naquela cama de hospital deixaste de me falar...
Quando me olhaste pela última vez disse-te " Vai em paz, nós ficamos bem"
Sabes que menti.
Não podíamos mais ver-te sofrer, mãe.
Foste e veio a paz ,por saber que já não sofrias, já não estavas prisioneira do teu corpo que não te obedecia.
Mãe, já sou avó! ( ainda me sinto tão filha)
AMO-TE MÃE!
Sempre me aceitas-te mesmo quando não aprovaste as minhas escolhas (apesar dos teus bons conselhos) o casamento apenas no civil, o fim do mesmo...
Dei-te desgostos mãe mas sei que me perdoaste.
Sempre foste tolerante, muitas vezes de coração dorido mas nunca fechaste a porta da tua casa nem a do teu coração aceitando as nossas escolhas ainda que contrárias aos teus princípios morais e religiosos.
Mãe, tivesse eu o teu coração!
Beijo doce da tua Paulinha

(escrito junto à tua última morada o nº 34 - S. Joaquim)

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