segunda-feira, 30 de março de 2020

Decimo setimo dia 30 de Março

Estou paralisada
Tentando adiar o presente
Tentando adiar a saudade
Tentando guardar o amor
Mas a vida não pára
Os netos crescem longe dos meus olhos
Dentro do meu coração.
Agora estão todos longe
A ausência não se mede em quilómetros
nem em minutos, nem em horas.
A ausência tem o peso das lágrimas que se chora, dos abraços adiados, dos beijos perdidos, de olhares que não se cruzam.
A vida não pára.
Os dias passam, iguais
Não importa o dia da semana
Se é dia ou se é noite
São horas de acordar ou de jantar?
Os braços pendurados, as mãos vazias de afagos, de afectos adiados...
Até quando?
As pernas frouxas
Cansadas da espera
Quinze dias
e agora? somam-se mais quinze?
O pesadelo anda nas ruas
De mãos dadas com os incautos
Anunciaram a morte aos velhos
Mas ela ronda a porta de todos,
jovens, atletas e até crianças.
Amar é estar distante
É ficar dentro
É fingir que está tudo bem
É sorrir quando se quer chorar
É calar quando se quer gritar
E a vida nao pára,
continua
E eu parada, confinada, isolada.
e dormir?
Até o sono se foi
perdido nestas horas que se somam
atadas umas às outras nos ponteiros do relógio que giram num tique-taque ensurdecer
A vida não pára ...
Por favor parem todos!
Eu quero voltar à monga vida estúpida
e insignificante
Porque o amor não se adia
Porque o presente sem futuro
Já é passado
E o passado não se muda...

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