sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Afinal, em 1977, eu já gostava de fadas, Estava tatuada por dentro e eu não sabia.


Estava cansada, deitei-me.
Acordei com o estrondo da janela a bater,
sentei-me na cama e só abri os olhos depois de sentir o vente gelado na cara.
Por entre as cortinas que se baloiçavam ao vento, vislumbrei uma fada que se embalava naquele rodopio e dançava. Sorrimos.
Veio baloiçar-se no meu ombro e num sussurro melodioso convidou-me para me sentar com ela no parapeito da janela para contarmos estrelas (algumas deixaram-se cair para nos enganar nas contas).

Ficamos ligadas por laços e fitas a que demos o nome de amizade, ela abriu as asas, eu abri os braços,
encorajada por ela mas estremecendo de medo (ou de frio) fechei os olhos  e saltei!
Fomos saracoteando beijar a lua, as estrelas abriam alas para passarmos, as nuvens seguiam-nos como que a querer proteger-me - não fosse eu cair - é que as fadas têm asas e eu? não.

Fomos à praia.
As ondas do mar vieram sentar-se aos nossos pés, banhando-nos com salpicos salgados e brindando-nos com conchinhas e búzios.

Estava tão feliz! Abri os braços, queria voar, voar...
Havia música no ar, uma voz cheia de ternura chamava por mim, acariciando os meus cabelos loiros desalinhados pela ventania e cheirando a maresia. Beijou-me na testa (seria o príncipe encantado?)
Levei as mãos à cara, esfreguei os olhos e OH! que espanto :  "Maria Paula, são horas de te levantares para ires para a escola" os teus irmãos já estão a tomar o pequeno almoço"





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