quarta-feira, 29 de outubro de 2014

BORBOLETA by Paula Amaral



Rastejou na terra, na lama, foi lagarta escorregadia, viscosa,
das entranhas construiu o seu castelo,
escondeu-se da ira e da censura, dos olhares e esgares de nojo..

O Sol e a Lua,
dia após noite,
noite após dia,
iluminaram,
aqueceram e enriqueceram o pedaço de vida envergonhado dentro daquele emaranhado de fios.

Um dia, timidamente espreitou da janela do castelo : Oh tanta cor, tanta alegria!
Olhou o céu azul, o coração bateu com mais força, espreguiçou-se, sacudiu o pó com um espirro : ATCHIM!!
Oooops! desequilibrou-se, CAIU.
Sacudiu-se, esbracejou, esperneou : bateu  asa e VOOU!

Já ninguém se lembra que foi lagarta, feia, nojenta.
Agora todos a cobiçam abrindo a boca de espanto.
Linda borboleta, tão colorida e brilhante, voa. VOA! Nunca mais serás lagarta.


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