Quanta dor, quanta aflição?
A vida dura riscada no rosto, tal como a lava incandescente criou sulcos ao acalmar-se nas ondas do azul do mar.
Mãos que amassaram o pão temperado com lágrimas de dor, braços que embalaram filhos e netos, ampara-se agora numa bengala que a pernas já fraquejam.
Mulher com alma, mulher autentica. ...
Gosta desta mulher que abracei hoje quando me sentei ao seu lado na soleira duma porta e lhe pedi permissão para que me deixasse fotografar com ela.
Perguntei-lhe a idade, disse-me que a vizinha que estava na janela do outro lado da rua é que sabia. A vizinha diz que são 86. Fiquei surpreendida. Não lhe conheço a história (qualquer semelhança com o que acima escrevi será pura coincidência).
Pensei que tinha mais idade e adivinho que teve uma vida dura! Fiquei (fico) comovida com tanta beleza e com a grandeza desta pequena mulher!
Quando vejo uma mulher assim marcada pela vida comovo-me sempre. Lembro-me da minha querida mãe que também nunca usou cremes, e que trazia no rosto as marcas das dores, das lágrimas dos risos e sorrisos e principalmente do amor pelos filhos (foram oito um faleceu algumas horas após o parto).
Hoje quando dei um beijo a esta senhora ela chamou-me de neta, na verdade tem mais 34 anos do que eu. A minha mãe tinha quase 40 quando eu nasci... no outro dia escrevi e volto a repetir : não são os anos que nos envelhecem, é a vida
Sem comentários:
Enviar um comentário